Completando os ensaios sobre a interatividade aliada à arquitetura, a Intervenção propiciou a oportunidade de apropriação de algum espaço da Escola de Arquitetura e Urbanismo da UFMG para a aplicação dos conceitos vistos até então, visando a construção de um ambiente arquitetônico interativo. A escolha de locais subutilizados, uso de recursos eletrônicos, a virtualização como defendida por Pierre Lévy, além da premissa de que toda arquitetura deve propiciar um maior contato entre as pessoas, foram pré-requisitos que comandaram todas as idéias surgidas, mas que não chegaram a comprometer a criatividade e o senso crítico característico do 1º período.
Escolheu-se a sala de bombeamento d’água por seu isolamento, que proporcionaria liberdade para execução sem comprometer a rotina da escola, e pelas características únicas do lugar, garantia de um projeto exclusivo e inovador. Seu aspecto estava bastante degradado: paredes descascando e sem pintura, fios e tubulação aparentes, ladrilhos do chão quebrados, marcas de ferrugem pelo tanque, azulejos extremamente manchados. Outro aspecto a ser ressaltado, é o fato das telhas serem de amianto, material que, ao ser inalado, pode ser cancerígeno, reforçando ainda mais o caráter de aviltamento do sítio.
O conceito de continuidade foi uma constante no trabalho. Valendo-se de todos os elementos constituintes do espaço e das funções que desempenhavam, procurou-se salientar ao extremo suas características. Com isso, o projeto idealizado não concorreria com as particularidades inerentes ao ambiente, criando uma extensão espacial contígua e linear, e que ao mesmo tempo fosse desconcertante e questionadora. Evocar este espírito de estranhamento nas pessoas foi, justamente, o objetivo inicial: pode-se fazer uma arquitetura bela apostando em elementos estruturais que, a priori, são degradantes e pouco acolhedores? Esta contestação justifica a demanda de um enorme volume de fios e dutos hidráulicos, que transmitem a sensação de uma produção constante que jamais obtém uma satisfação absoluta, demonstrando a consciência de não ter ainda atingido a maturidade e a sua completa formação e de uma busca incessante por uma nova concepção arquitetônica.
Com o mesmo intuito, o microfone vem oferecer uma nova percepção espaço-temporal. Todos os ruídos do local, que muitas vezes passam despercebidos, agora seriam marcantes e perturbadores. Aliado ao plástico bolha, esse efeito tornar-se-ia mais evidente.
O reservatório de água compõe o destaque da sala. Portanto, uma preocupação era estabelecer o dialogo com o restante, além de preservar sua conexão com tudo o que é fluido. Para tanto, buscou-se reproduzir a água através da luz azul, dispersando por todo o sítio.
Para que o usuário tivesse o total controle, concentraram-se todos os dispositivos de interação no quadro de chaves, aproveitando que este já desempenhava tal encargo. Iluminado por uma luz vermelha, ele transmitiria um sentimento de alerta e tensão em quem o usufruísse.